domingo, 8 de junho de 2008

Prédios com mais de dois andares devem ter pára-raios

Obrigatório nas edificações acima de dois pavimentos ou 750 metros quadrados, a situação dos pára-raios da Capital é considerada boa pelo Corpo de Bombeiros.

fonte: O Povo - Marcos Cavalcante


No dia 23 de janeiro, uma chuva forte com muitos raios durante o dia assustou a população de Fortaleza
(Foto: MAURI MELO)


Apesar de ser um equipamento do qual as pessoas só lembrem na época de chuvas, nos edifícios da Capital em que o pára-raios é obrigatório as condições dos equipamentos são boas, segundo o coordenador de vistorias do Corpo de Bombeiros do Ceará, capitão Giuliano Rocha. "Os pára-raios são equipamentos de incêndio cobrados em algumas edificações. Nas nossas vistorias, o maior problema que encontramos diz respeito à validade dos hidrantes", explica.

Na madrugada da última sexta-feira, muitas pessoas se assustaram com a quantidade de trovões e raios em Fortaleza. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), os raios ocorreram por causa do fenômeno atmosférico chamado Zona de Convergência Intertropical.

De acordo com o capitão, o pára-raios é obrigatório em edificações superiores a 750 metros quadrados de área construída ou se ela possui acima de dois pavimentos. Ele explica que, para o empreendimento ser aceito, o proprietário ou a construtora deve apresentar ao Corpo de Bombeiros o projeto da obra. Depois de construída, é feita a inspeção. E os prédios também devem, anualmente, possuir o certificado atualizado nos bombeiros. "Se vamos a uma edificação onde um pára-raios não foi devidamente instalado, fugindo do projeto inicial, damos um prazo para o proprietário do prédio se regularizar. Nos casos em que existe a falta dele, poderemos até interditar o local. Quando acontece algum problema, geralmente é nas edificações mais antigas. As pessoas esquecem de fazer manutenção", avisa Rocha.

Descarga elétrica
Apesar de devidamente instalado, quando um prédio é atingido por um raio, dificilmente o local sai completamente ileso da descarga. De acordo com o engenheiro elétrico Ivanildo Pires de Queiroz, a filosofia na instalação dos equipamentos é a redução de danos. E um dos piores efeitos dos raios recai sobre os componentes elétricos. "O raio tem a propriedade de induzir um pico de energia elevado, danificando os aparelhos quando estes não estão protegidos", diz Ribeiro, professor especialista em eletrotécnica da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Segundo o professor, em uma residência de apenas um pavimento e pequena não é necessária a presença de uma proteção contra os raios, a menos que ela se encontre em locais muito isolados. O mesmo vale para pessoas em descampados. Alguém segurando um guarda-chuvas com ponta metálica pode ser um condutor dependendo de onde esteja. "No Centro da cidade quase não existe risco, mas se ela estiver em um terreno aberto, o risco aumenta", alerta.

No prédio mais alto de Fortaleza, com 97 metros, o edifício torre Santos Dumont, na Aldeota, foram instalados dois captores - aparelhos que conduzem a descarga elétrica até o chão - em duas torres de dez metros de altura cada. Até o momento não houve problemas com raios nas instalações do prédio. "Procuramos trabalhar com os melhores materiais. O cabo de cobre percorre todo o perímetro do prédio", diz Vera Mônica, da Nohva Engenharia, responsável pela instalação no local.

E-MAIS

O Brasil é o campeão mundial de raios. São cerca de 50 milhões de raios por ano. Em seguida, aparecem na lista a República do Congo e depois os Estados Unidos. A região de menor incidência é o Nordeste. Mesmo dentro dela, existem algumas regiões onde acontecem mais descargas, como o Maranhão, o norte Piauí, a Bahia e oeste do Ceará.

As incidências no Brasil variam de um raio por quilômetro quadrado por ano até 20 raios por quilômetro quadrado por ano, como no oeste do Rio Grande do Sul e o sul do Mato Grosso do Sul, além de alguns pontos isolados na Amazônia. Em Fortaleza a incidência é menor, é um evento raro.

A rede brasileira ligada ao Inpe que monitora os raios no País ainda não cobre o Nordeste, por isso não há estatísticas muito precisas. Mesmo assim, é possível observar que houve o aumento da incidência na região este ano. A partir de 2009, conforme Oscar Júnior, a cobertura será possível.

Clima via Satélite