sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Raios são risco permanente para aviões

Fonte:AFP by Google Notícias

PARIS — Os raios, que parecem ter provocado o acidente desta segunda-feira com um avião que pousava na ilha colombiana de San Andrés, são um fator de risco permanente para a aviação.

"Os aviões comerciais são atingidos por raios, em média, a cada 1.000 horas de voo", revelou recentemente o Bureau Nacional de Estudos e Pesquisas Aeroespaciais da França.

"Este fenômeno é considerado no projeto dos aviões visando a proteção dos equipamentos elétricos e eletrônicos", destacou o Bureau.

Especialistas consultados pela AFP na França explicaram que apenas o raio não provoca, geralmente, o acidente aéreo, mas a repentina mudança da direção do vento ('wind shear') ou uma forte turbulência - consequências do fenômeno - no momento do pouso é capaz de derrubar o avião.

No geral, o raio se propaga pela superfície externa do avião, cuja estrutura é essencialmente de alumínio - um excelente condutor -, devido ao efeito de caixa de Faraday.

O circuito elétrico pode sofrer problemas, mas após uma breve interrupção, geralmente tudo volta a funcionar normalmente após o aparelho ser atingido por um raio.

"Um raio pode provocar um estrago mecânico, pode perfurar um aparelho, mas mesmo assim ele geralmente continua voando", assinalou à AFP Vincent Favé, um especialista em acidentes aéreos.

"Também pode provocar danos no sistema elétrico e na eletrônica do avião, o que é algo mais sério".

O uso cada vez maior de materiais compostos a base de fibra de carbono e de resina, para reduzir o peso dos aviões e seu consumo de combustível, aumenta a vulnerabilidade porque as partes não metálicas tem menor capacidade para absorver o raio.

Nesta segunda-feira, um Boeing 737-700 da companhia aérea colombiana Aires, procedente de Bogotá, foi atingido por um raio quando pousava na ilha de San Andrés, caindo na pista e se partindo em três. O acidente matou uma idosa e deixou 120 feridos.

Nos últimos 15 anos, apenas três acidentes aéreos foram, supostamente, provocados por raios.

Em 17 de setembro de 1996, um avião bimotor Rutan-Long Ez caiu na região de Hérault, no sul da França, após ser atingido por um raio.

No dia 22 de junho de 2000, um turboélice Yun-7 da companhia chinesa Wuhan Airlines se chocou contra um barco após atravessar uma violenta tempestade na região de Wuhan, matando os 42 passageiros a bordo e sete tripulantes na embarcação.

Um raio também parece ter causado o acidente com um Boeing 737-800 da Kenyan Airways que caiu no dia 5 de março de 2007, em Douala, na República de Camarões, matando 114 pessoas.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Avião atingido por um raio se parte na Colômbia: um morto e 120 feridos

Enviado por Sergio Santos.

Fonte: Yahoo Notícias


Foto: AFP: O acidente deixou uma passageira morta e mais de 120 feridos, cinco deles com gravidade,...




BOGOTÁ (AFP) - Um avião comercial com 131 passageiros partiu-se em três pedaços ao aterrissar numa ilha caribenha depois de ser atingido por um raio, causando a morte de uma passageira e ferimentos em mais de 120, o que foi classificado de milagre pelas autoridades.

A aeronave da companhia colombiana Aires, que fazia a rota Bogotá-ilha de San Andrés (norte), foi atingida por um raio em meio a uma forte tempestade tropical, faltando menos de 80 metros para tocar em terra, e, ao se chocar com a pista, perdeu os motores e se partiu em três pedaços, segundo a Aeronáutica Civil.

No avião havia quatro passageiros brasileiros que saíram ilesos do acidente.

"O piloto contou que, faltando penas 80 metros para a cabeceira da pista, o raio atingiu o avião, e ele perdeu o controle da aeronave", explicou o general Orlando Paéz Barón, diretor de segurança áerea da Polícia Nacional.

"Fui informado que a perícia do piloto evitou que a aeronave saísse da pista", acrescentou.

"Devido ao impacto, os motores se desprenderam e o avião se partiu em três segmentos", declarou ainda.

Pedro Gallardo, governador da ilha de San Andrés, classificou o ocorrido de milagre. "Damos graças ao Todo-Poderoso pelo milagre que concedeu a este belo arquipélago", comentou.

"O comandante, o copiloto e toda a tripulação, graças a Deus, estão a salvo. Estamos na clínica onde um grande número de passageiros foi tratado, todos, absolutamente todos, for de perigo, mas com ferimentos em diversos graus", contou o governador à Rádio Caracol.

O acidente deixou uma passageira morta e mais de 120 feridos, cinco deles com gravidade, entre eles duas crianças, indicou, por sua vez, o coronel Ronald Tascón, diretor de operações da Aerocivil, acrescentando que no avião havia quatro passageiros brasileiros.

A única vítima mortal do acidente, no entanto, morreu devido a uma parada cardíaca, segundo informaram fontes oficiais.

"A Aeronáutica Civil - entidade estatal reguladora do setor na Colômbia - e a companhia aérea Aires, lamentam profundamente a morte da sra. Amar Fernández, de 73 anos, que faleceu num centro hospitalar por causa de uma parada cardíaca", informou um comunicado divulgado em Bogotá.

Robert Sánchez, diretor do centro médico Caprecom, na ilha de San Andrés, explicou aos jornalistas que a passageira saiu com vida do acidente, mas, quando era transferida, sofreu um infarto e faleceu.

O comunicado da polícia afirma ainda que, depois do acidente, os passageiros ficaram literalmente espalhados pela pista.

A aeronave, um Boeing 737-700 de matrícula HK 4682, partiu de Bogotá e aterrisou em San Andrés duas horas depois, em condições de pouca visibilidade, segundo os controladores de voo da ilha.

"Até que começou a descer íamos bem (...), depois não posso dizer, porque recebemos o golpe", contou à rádio Caracol Heriberto Rúa, um passageiros que sobreviveu ao acidente, junto com a esposa e os cinco filhos, todos com ferimentos leves.

Tascón informou ainda que uma comissão da entidade foi até San Andrés para investigar as causas do acidente. Ele acrescentou que a intenção das autoridades é verificar se foi realmente um raio que causou o acidente.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Câmeras digitais de alta velocidade vão filmar raios em São Paulo

Fonte: Fabio Reynol - Agência Fapesp - 06/08/2010

Super câmeras

Uma rede formada por câmeras de vídeo de alta resolução entrará em atividade até o início de 2011 para filmar tempestades na região de São José dos Campos (SP).

As câmeras integrarão o projeto Rammer ("Rede Automatizada Multicâmeras para o Monitoramento e Estudo de Raios"), ligado ao Temático e conduzido como trabalho de pós-doutoramento do engenheiro eletricista Antonio Carlos Varela Saraiva, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

As três câmeras que darão início à rede contam com duas características fundamentais para o estudo de raios: alta velocidade de gravação e boa qualidade de imagem. Elas são capazes de registrar até 2 mil quadros por segundo com resolução de 1.280 por 720 pixels.

A ideia é que as câmeras registrem diferentes ângulos de uma mesma tempestade, o que ampliará o número de raios registrados por minuto e aumentará a qualidade das informações. "Com isso, será possível observar detalhes finos do raio", disse Saraiva à Agência FAPESP.

Estudo dos raios

Há alguns anos, a equipe do Elat começou a estudar raios com a ajuda de câmeras de alta velocidade. Duas câmeras foram utilizadas, porém de maneira independente.

Ao apontar apenas uma câmera para uma tempestade, a quantidade de registros é limitada a uma média de 4% do total de raios daquela tormenta, podendo chegar a 10% em dias mais favoráveis. "Ficávamos sempre na dúvida se os raios registrados representativos eram daquela tempestade. Agora, com a rede de câmeras, essa
amostragem aumentará", explicou Saraiva.

Outra inovação da rede Rammer é a automatização da operação das câmeras de vídeo. "Até então, precisávamos designar alguém para apertar o gatilho das máquinas sempre que ocorria um raio", disse.

A rede a ser montada funcionará com uma série de sensores. Alguns estão sendo desenvolvidos pela equipe do Elat, como um arranjo de fotodiodos para captar descargas de retorno de um raio.

Esse dispositivo é utilizado para contar as descargas durante a filmagem e o objetivo é que forneça também um dos parâmetros que dispararão as câmeras da rede. "Estamos recriando o equipamento para que sirva de disparador da câmera", explicou Saraiva.

Outro parâmetro para o disparo será fornecido pelo sensor de campo elétrico, que detecta sinais da radiação eletromagnética emitida pelas descargas de retorno. Os dois sensores funcionarão em conjunto e as câmeras só serão acionadas se ambos perceberem sinais da ocorrência de um raio.

Se os fotodiodos atuassem sozinhos, o sistema poderia ser acionado por outras ocorrências, como voos de aves ou outros sinais detectados por esse tipo de sensor. Da mesma maneira, o sensor de campo elétrico isolado não garante a precisão do monitoramento. Por isso, o gatilho a ser desenvolvido no Elat contará com as duas tecnologias.

Um motor automatizado para direcionar as câmeras também está sendo desenvolvido desde o ano passado. Acoplado a outro dispositivo de fotodiodos, o sistema eletromecânico deverá apontar a câmera para a região de maior incidência de descargas, baseando-se

nos registros do sensor.

Filmar raios

Serão escolhidos três pontos em São José dos Campos para abrigar cada uma das câmeras, que ficarão distantes cerca de 20 quilômetros uma da outra. "Caso uma tempestade isolada, que tem um raio de cerca de 10 quilômetros, passe entre os sensores, conseguiremos captar vários ângulos dessa tempestade e uma quantidade muito maior de raios", estimou Saraiva.

Por serem mais versáteis, as novas câmeras também permitirão que os pesquisadores escolham o tamanho dos arquivos gravados. Conforme a tempestade, eles poderão escolher entre ter uma boa qualidade de imagem para examinar os raios em detalhes ou obter imagens com menor resolução em troca de velocidades muito maiores de gravação, o que permitirá contabilizar descargas e acompanhar a dinâmica do evento.

Saraiva estima que a Rammer permitirá captar mais de 50% dos raios ocorridos em uma tempestade e aumentará o detalhamento das análises. "Poderemos nos debruçar sobre os raios de uma única tempestade e não mais misturar raios de tempestades diferentes

, como pode ocorrer em alguns estudos atuais", disse.

Essa análise individual de raios e tempestades a ser proporcionada pela rede de câmeras é um dos principais objetivos do projeto e aumentará o conhecimento na área, uma vez que essas descargas diferem de uma tempestade para outra.

Modelo 3D de um raio

O grupo também espera coletar informações suficientes para elaborar uma modelagem em três dimensões do canal de um raio, desde a sua formação até o ponto de contato.

"Esse é um objetivo mais ambicioso e que auxiliará no estudo da morfologia do raio. Permitirá também uma comparação entre os resultados do modelo e as medições feitas pela rede de câmeras", disse Saraiva.

Entre os benefícios, o trabalho ajudará na validação dos dados do Sistema Brasileiro de Detecção de Descargas Atmosféricas ( BrasilDat), que detecta descargas elétricas no país e é operado pelo Elat em parceria com outras instituições brasileiras.

Saraiva explica que, como qualquer rede de detecção de raios, a BrasilDat apresenta incertezas na localização de raios e limitações na eficiência de detecção.

Para conferir os dados coletados em vários pontos da BrasilDat o projeto pretende, em uma segunda etapa, levar as câmeras da Rammer a outras localidades no Estado de São Paulo. Por enquanto, os pesquisadores pretendem

contar com a rede de câmeras funcionando em São José dos Campos para registrar as tempestades do próximo verão.



Os pesquisadores querem coletar informações suficientes
para elaborar uma modelagem em três dimensões do canal
de um raio, desde a sua formação até o ponto de contato.
Imagem: Elat/Inpe]

Clima via Satélite