Quase dois meses depois de ter os aparelhos queimados depois de uma chuva, moradores da zona sul de São José dos Campos ainda batalham para serem indenizados.
A empresa de energia admite que o processo para comprovar o prejuízo é desgastante, mas necessário.
Jonatas e Marli acumulam vários protocolos de atendimento da EDP Bandeirante. Nas sacolas e caixas estão equipamentos que foram danificados por uma descarga elétrica na Vila Nair, no início de abril. Desde então, eles correm atrás de uma solução. Na ocasião, o Vanguarda TV mostrou os aparelhos eletrônicos queimados. O casal disse que não aguenta mais o descaso.
"Pede documentos, nós vamos, deixamos tudo OK pra eles, leva lá, não, não é aquele, a gente retorna e começa da estaca zero", desabafa a cabeleireira Marli Elias.
Outros vizinhos também tiveram prejuízos depois da mesma tempestade. Severina e o marido receberam uma carta da Bandeirante pedindo que eles providenciassem alguns orçamentos. A dona de casa já gastou R$ 100 com a papelada.
"Além de perder tudo, dá trabalho e a gente tem que correr atrás da papelada que eles exigem, e a gente paga o seguro que vem descontado na conta da Bandeirante".
De acordo com o Procon, não há o que discutir. Se mais de um vizinho tem a mesma reclamação com relação à descarga elétrica, é a prova de que o raio, realmente danificou os equipamentos. Nesse caso, a concessionária é obrigada a ressarcir os clientes.
"Ela tem por responsabilidade ter uma rede de distribuição que tenha um aterramento eficiente, tendo em vista que a descarga elétrica já é previsível", observa Sérgio Werneck, diretor do Procon.
Em 15 dias, a Bandeirante avalia o pedido de ressarcimento. Se for aprovado, envia uma carta pedindo que o cliente apresente, num prazo de 60 dias, dois orçamentos ou apenas um se for de rede autorizada.
A concessionária tem 20 dias para fazer o pagamento.
"Não posso negar que não seja desgastante mas é necessário em função do tipo do procedimento. No caso de raio, se o ramal do cliente foi derivado de um poste e o do outro é de outro poste, pode ser que esse raio tenha atingido só aquele ramal. Então, não adianta a gente falar 'olha, na minha rua toda queimaram de todos, só o meu é que não', está sendo procedente, então nós temos que avaliar caso a caso", diz o gestor executivo da EDP, Marcos Scarpa.
O pedido de ressarcimento pode ser feito pelo site da empresa, na central de atendimento na sua cidade ou pelo telefone 0800 721 0123.
A EDP Bandeirante esclareceu que não tem relação com o seguro cobrado na conta. Ele é feito por uma seguradora e só paga o cliente que fez a adesão.
Segundo o Procon, a cobrança do orçamento não é ilegal se o cliente for avisado antes.
