sexta-feira, 2 de março de 2012

Raios ascendentes são registrados pela primeira vez no Brasil

Com informações do INPE - 01/03/2012



Raios inéditos
O Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) capturou pela primeira vez imagens de raios ascendentes no Brasil.
Quatro raios ascendentes que tiveram início a partir de uma das torres situadas sobre o Pico do Jaraguá, na cidade de São Paulo, foram registrados em um intervalo de apenas vinte minutos.
Eles foram gravados por uma câmera de alta velocidade, capaz de registrar 4.000 quadros por segundo. Estas observações poderão contribuir para aperfeiçoar as normas de proteção contra raios no país.
Raios ascendentes são registrados pela primeira vez no Brasil
Os raios ascendentes foram gravados por uma câmera de alta velocidade, capaz de registrar 4.000 quadros por segundo.[Imagem: INPE/ELAT]
"Esta é a primeira comprovação de ocorrência de raios deste tipo no Brasil", afirmou Marcelo Saba, pesquisador do ELAT/INPE e responsável pelas observações.
O registro de quatro raios ascendentes foi algo que chamou a atenção dos pesquisadores.
Este é um número muito alto, ainda mais quando considerado o pequeno intervalo de tempo. Para comparação, no Empire State Building, edifício que foi construído com mais de 100 metros na cidade Nova Iorque, ocorrem em média 26 raios ascendentes por ano.
Raios ascendentes e raios descendentes
A grande maioria dos raios (99%) é nuvem-solo, ou seja, raios que se originam nas nuvens e chegam ao chão.
Apenas 1% dos raios é ascendente - partem de algo na superfície.
Esses percentuais apenas se alteram em locais específicos, construções muito altas, onde o número de raios ascendentes pode superar os raios nuvem-solo.
Os raios ascendentes são em geral artificiais, no sentido de responder às alterações ambientais produzidas pela atividade humana. Eles se originam devido a construções elevadas, como torres de telecomunicação, ou pára-raios de edifícios altos.
Os pesquisadores afirmam que estudos poderão estimar qual a frequência e quais as condições (como a altura das estruturas e os tipos de nuvens e tempestades) para que o fenômeno ocorra.
A pesquisa também poderá aprimorar os sistemas de detecção de descargas atmosféricas que monitoram a incidência de raios no Brasil.
Raios em turbinas eólicas
Em alguns países, como o Japão, raios ascendentes têm trazido grandes prejuízos quando atingem turbinas de geração eólica.
Como este tipo de geração de energia tem grandes chances de expansão e aplicação no Brasil, torna-se relevante intensificar as pesquisas no país, que apresenta a maior incidência de raios do mundo.
Poucos países possuem imagens deste fenômeno, entre eles os Estados Unidos, o Canadá, o Japão e a Áustria.
Ainda assim, há pouco conhecimento sobre a física e as características dos raios ascendentes, o que torna este registro ainda mais importante para as pesquisas.

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