Fonte: Guilherme Russo, Diário de S. Paulo
SÃO PAULO - Fortes tempestades com raios e trovões são mais do que comuns nesta época do ano. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), São Caetano do Sul, no ABC, aparece como campeã desses tipos de ocorrência no país. Para contornar o problema, a administração municipal exige que todos os comércios da cidade tenham pára-raios instalados. Caso contrário, não conseguem alvará para funcionar.
Pesquisador titular e coordenador do Grupo de Atividade Atmosférica do Inpe, Osmar Pinto Júnior, explica que "o calor é a energia fundamental para a formação dos raios" e que São Caetano representa uma "ilha de calor que intensifica as tempestades".
- Foi uma surpresa quando, há quatro anos, soubemos disso. Imediatamente criamos essa linha de prevenção, em parceria com o Corpo de Bombeiros. Somos extremamente rígidos - contou Enio Moro Júnior, arquiteto da diretoria de obras da Prefeitura de São Caetano.
Quem não se adequa à exigência da lei pode ser multado e até ter seu estabelecimento lacrado.
- A cidade tem uma blindagem - garantiu.
Os prédios públicos de São Caetano também são obrigados a terem pára-raios devido ao levantamento do Inpe. A prefeitura informou que a Defesa Civil não registrou acidentes com raios no ano passado.
- Cai bastante raio aqui. Na última chuva (semana passada) caía um atrás do outro nessas torres (pára-raios) - conta o porteiro Fernando Costa, de 25 anos, que trabalha no centro da cidade. Para outro porteiro, José Carlos Costa, de 26, "o barulho da chuva é diferente" em São Caetano.
- Tem muito trovão, bastante raio. Às vezes dá cada estampido! Moro do lado de uma torre com pára-raios - diz o alfaiate Rafaele Marano, de 75.
O Brasil é o país campeão na incidência de raios no mundo, com aproximadamente 61 milhões de registros por ano. Há um prejuízo de cerca de R$ 500 milhões por conta dos raios que deixam uma média de 100 mortos e 500 feridos a cada ano.
No ranking paulista de raios, logo atrás de São Caetano, onde foram registrados 12,15 por quilômetro quadrado em 2007, aparece a cidade de Suzano, na Grande São Paulo, que está em quarto lugar no levantamento nacional. As cidades de Mauá, Santo André, Ribeirão Pires e Guarulhos, nesta ordem, também figuram entre as campeãs.
São Paulo só está atrás do Rio Grande do Sul em queda de raios por estado. Mas, segundo o Inpe, eles matam mais em território paulista, onde 17 das 46 mortes foram registradas no país em 2007. Devido ao fenômeno climático "La Niña", que resfria as águas do Oceano Pacífico, mais tempestades elétricas são esperadas este ano no sudeste do Brasil.
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