Fonte: Diário do Nordeste
Queda de raios preocupa a população por conta da proximidade da quadra chuvosa no Estado do Ceará
Santana do Cariri Uma criança morreu atingida por um raio, no sítio Pontal, município de Santana do Cariri. Antônio Samuel dos Santos, de 11 anos, faleceu no momento em que estava na roça de arroz, junto com dois irmãos e o pai, Joaquim Rodrigues da Silva. A morte da criança aconteceu por volta das 14 horas da última terça-feira. O sepultamento ocorreu na manhã de ontem.
Segundo Joaquim Rodrigues, no momento em que a criança foi atingida, não estava chovendo no local. "As nuvens ficaram muito baixas e tinha ventania", explica.
Depois de alguns raios, veio a descarga elétrica, atingindo em cheio o menino. Os agricultores que estavam nas proximidades do local tentaram socorrer o menino, mas o garoto já se encontrava sem vida.
Os garotos ajudavam o pai a preparar a terra para o plantio de arroz. Este não foi o único caso registrado na localidade. No ano passado, a dona-de-casa Eva Inácio Farias foi atingida por um raio, na Serra do Araripe, área entre as cidades de Crato e Santana do Cariri. O raio atingiu primeiro uma árvore e depois a mulher, que não resistiu à descarga elétrica.
Descargas elétricas
A morte do menino Samuel dos Santos traz à tona a preocupação com a ocorrência de descargas elétricas no Estado. Principalmente com a proximidade do período chuvoso, quando é mais comum a queda de raios. Para se ter uma ideia, somente ontem, cairam 1.838 raios, e de 1º de janeiro até ontem, foram registrados 5.365 descargas em todo o Ceará.
Os números são preocupantes, já que o quadra chuvosa ainda não chegou. Segundo dados da Coelce, que monitora todas as descargas atmosféricas do Estado, por meio do Centro de Controle de Sistema (CCS), somente em 2009 foram registrados 100 mil 862 raios.
A gerente do Sistema de Monitoramento de Descargas Atmosféricas para o Estado do Ceará, Keyla Sampaio, informou que as região serrana lidera o ranking de ocorrências no Estado. "Este ano, no entanto, temos cinco municípios que estão a frente, são eles Uruoca, Itapajé, Umari, Irauçuba e Campos Sales", ressalta a gerente do Sistema de Monitoramento.
Para Keyla, é preciso que haja, por parte dos governos estadual e municipais, orientações mais pontuais a respeito das ações que precisam ser tomadas em dias de tempestade, para que a população saiba como se proteger dos raios tanto dentro como fora de suas casas. "A distribuição de cartilhas explicativas seria um bom começo. Por exemplo, muitos não sabem que deve-se evitar o banho durante a ocorrência de tempestades", informou Keyla.
Outra questão apontada por ela, é a respeito da necessidade de incentivar a população para que faça o aterramento adequado e com profissionais ou empresas habilitados, evitando assim maiores fatalidades.
O coordenador geral da Defesa Civil do Município de Fortaleza, Alísio Santiago, informou que, em parceira com a Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam), é feito um trabalho junto as escolas municipais e em dez comunidades da Capital para orientar as pessoas a cerca do que fazer tanto em dias de chuva como sobre o risco de descargas atmosféricas.
"De julho a dezembro promovemos oficinas educativas nas comunidades e nas escolas e distribuimos as cartilhas ´Quando a chuva chegar´ como forma de prevenir a população".
Apesar dessas medidas, o coordenador aponta a limitação no sistemas de pararaios da Capital, como algo a ser discutido e solucionado pelas autoridades competentes.
"Existem muitos vácuos em Fortaleza, o que permite a entrada de raios, assim torna-se necessária uma ação junto ao nascedouro dos projetos arquitetônicos da cidades para eliminação destes buracos", informou Santiago.